

Design, escola, Web design
discussão sobre o assunto ainda está longe de estar encerrada, mas já está bastante madura e consciente. Falta, quem sabe, alguns pingos nos “i”s, a ordenação das idéias faladas até agora, colocar no papel e dar o próximo passo.
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Desde o início de 1997 mantenho on-line, com a ajuda de incontáveis participantes e “agitadores temáticos”, um fórum de listas de dicussão sobre design e a Web, chamado WD Brasil (www.10minutos.com.br/listas). São simples listas de discussão que chegam pelo e-mail, divididas em quatro temas: design, marketing, tecnologia e usabilidade. A principal e mais ativa de todas as listas é a WD Design, com uma média de 700 assinantes. Palco para discussões infindáveis de onde surgem projetos, discutem-se idéias e se amadurecem conceitos.
Tomando partido da privilegiada posição de moderador destas listas, vou tentar retratar neste artigo uma parte da opinião minha e desta comunidade de designers especializados em Web, ou, como queiram, os “Web designers”.
Os tipos de design que já existem
Para discutir o design para a Web e sua formação, é preciso falar da escola de design que já existe em nosso país há mais de 30 anos e a formação que atualmente ela oferece.
No curso de desenho industrial oferecido nas universidades, duas habilitações são possíveis hoje em dia na maioria dos cursos: projeto de produto e comunicação (ou programação) visual. Uma habilita o designer de produto e a outra, o gráfico.
Das duas habilitações, praticamente todas as áreas de trabalho do designer deveriam estar cobertas: do desenho de objetos, sinalização, identidade visual até a capa de CDs. Mas isso não levou em conta o design de interfaces.
O design para a Web
Quase ao mesmo tempo em que era criado o curso de desenho industrial no Brasil, outro tipo de design era demandado com o aparecimento dos computadores: o design de interação do computador-homem, criando a necessidade de um novo tipo de especialidade de design, embora a princípio não tenha sido compreendido desta forma.
O movimento inicial, mais natural, foi o de enxergar esta função como uma extensão daquilo que já faziam e profissionais de áreas afins à ciência da computação que encararam a criação de interfaces como parte de suas tarefas.
Desta forma, praticamente todas as interfaces inicialmente eram desenhadas por engenheiros, analistas e “informatas” em geral. Um movimento que trouxe resultados e funcionou de forma satisfatória, até que o computador e a multimídia, se tornaram ferramentas de uso pessoal, à disposição das “massas”.
O primeiro passo para esta popularização foi a invenção do computador pessoal e as primeiras interfaces gráficas, como a da Apple/Xerox e em seguida o Windows. Um pouco mais adiante, o avanço desta tecnologia e chegada da multimídia aproximava os computadores dos meios de comunicação e formatos de linguagem popular.
Mas a verdadeira revolução se daria com a popularização da Internet por meio do sistema de navegação gráfico chamado World Wide Web. Neste momento, como nunca antes, a interface computador-homem se torna a chave central para a comunicação, os computadores se tornam parte natural do nosso cotidiano e fica claro como nunca antes a necessidade de se profissionalizar o processo de criação destas interfaces e, para tanto, se definir a formação destes profissionais.
A formação do Web designer
Sem grade ou formação específica, de todas as partes e com todos os formatos, “Web designers” apareceram para atender a demanda de um mercado em franca revolução, faminto por qualquer pessoa que se auto declarasse “profissional”. Na seqüência, cursos profissionalizantes começam a surgir por todas as partes oferencendo formação em “Web design”, cada curso com um currículo diferente do outro.
Passada a febre inicial e na medida em que se aumentava a experiência deste mercado, os defeitos e deficiências profissionais começaram a ficar mais evidentes, fazendo crescer o debate sobre a formação e a profissão destes novos “designers”.
Tipos de design que deveriam existir
O que vimos surgir, em resposta à demanda do mercado, foram cursos de “design para a Web” montados das maneiras mais diversas, freqüentemente com forte apelo tecnológico e com pouca fundamentação de design e seus processos. Até porque, normalmente, eram cursos montados por escolas de informática e não de design.
É consenso entre os profissionais do mercado que trabalham com Web que o processo de design para a Web é em essência absolutamente semelhante a qualquer outro processo de design, tão diferente quanto se projetar uma cadeira é diferente de se projetar uma capa de CD ou de um livro.
O design para a Web, assim como para as novas interaces gráficas que estão por vir (e se tornar tão ou mais importantes), é na sua essência um processo de design como outro qualquer e deve, portanto, ser pensado da mesma forma, a partir do mesmo processo.
Do ponto de vista de alguém que foi formado em uma escola de design tradicional, não consigo enxergar de forma diferente, a não ser pensar que a formação do designer de Web (ou de interfaces) deveria naturalmente estar contida dentro do curso de desenho industrial, funcionando como uma terceira habilitação, a habilitação em design de interfaces, que teria uma base comum com o projeto de produto, o design gráfico sendo complementada com matérias específicas para a formação do designer de interfaces, como usabilidade, introdução à programação, vídeo, animação e fundamentos tecnológicos, entre outras.
Essa é uma tentativa de contribuição para enriquecer o debate dentro dos cursos de desenho industrial, procurando que se dê cada vez mais a importância devida a essa que certamente será em muito pouco tempo, a mais importante das habilitações em design e uma área de conhecimento crucial para a boa comunicação do planeta. Designers, a responsabilidade é nossa!
ps.: moderadores nao renovam este topico daqui pq esta sessão é q tem um volume satisfatorio de respostas e de movimentos dos usuarios -
