Nem sempre uma boa peça gráfica é feita com muitos recursos. A criatividade vale mais que alta tecnologia.
O que caracteriza uma boa peça gráfica? A utilização extrema de efeitos e tratamento de imagem? O uso de uma paleta infindável de cores? Apoderar-se do que há de melhor em banco de imagens no mercado? Ter um orçamento que permita pagar por produções hollywoodianas?
Uma boa peça gráfica pode reunir todas essas alternativas, conduzidas com habilidade e bom gosto. Mas aqui vamos tratar do contrário. A pergunta é: “Como conseguir o máximo de comunicação entre o designer e seu público-alvo, utilizando o mínimo de recursos?”
Não importa a área de atuação –seja em design de revistas, logotipos, cartazes, ilustrações, capas de livros ou peças publicitárias– o trabalho será tão bom quanto seu poder de transmitir uma idéia, de informar sobre um fato ou de surpreender o observador pelo inusitado, chamando sua atenção.
Para isso não é necessário o uso de recursos sofisticados, e sim cria-tividade. No jornalismo, pela antiga escassez de recursos digitais ou pela exiguidade de prazos, criar com pouco tornou-se comum e até fez escola. As capas que aqui denominamos como gráficas têm algumas características em comum: impacto imediato, relação intrínseca entre texto e imagem na busca de um conjunto harmonioso, uso de poucas cores e, principalmente, simplicidade. O uso do fundo preto nas capas de temas pesados também já virou uma marca registrada da revista “ISTOÉ”.
Todas as capas gráficas apresentadas tiveram que concorrer com opções fotográficas e montagens de boa qualidade, e foram escolhidas pelos seus predicados de impacto, beleza e comunicação.
A arte agradece.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1672ass.jpg)
O pior pesadelo
Em “Sob o domínio do medo” a idéia era satanizar a imagem de Osama bin Laden de acordo com o imaginário popular. Sua foto foi invertida (Adjust/Invert), mantendo apenas seu rosto intacto. Sua roupa, que era branca, ficou negra. O fogo foi feito colorindo a barba de vermelho.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/racismo1.jpg)
Brancos e negros
A capa sobre o preconceito racial no Brasil teve grande impacto e foi de fácil execução. Partimos de uma mão, que foi idealizada e fotografada pelo editor de fotografia da “ISTOÉ”, João Primo.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/racismo2.jpg)
Por intuição, trabalhamos na oposição entre a cor preta e a branca. Surgiu o gesto de colocar a mão na tinta e mostrá-la, pedindo basta ou paz.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/racismo3.jpg)
As alterações na imagem foram feitas com Channel Mixer e Curves, conjugados, tanto para o escuro como para o claro.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1657RacismoAss.jpg)
Sutileza
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1656Ass.jpg)
O formato e a cor de uma pílula para tratamento da impotência foi nosso ponto de partida. O órgão genital masculino está invisível ao primeiro olhar. Mesmo enxergando-o, não se pode considerar esta capa como pornográfica. Apenas imagem e tipologia.
Texto por imagem
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1650Energia.jpg)
Apagão > escuridão > lanterna > vela > lâmpada > filete > Brasil > bandeira > mapa. Assim foi descrito o esquema de criação desta capa, na estréia da coluna. O filete de lâmpada no formato do mapa brasileiro fez suprimir a palavra “Brasil” do título. O texto original era “Prepare-se, o Brasil vai apagar”.
Matéria-prima
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1571morte.jpg)
Para a reportagem da tragédia do shopping não havia fotos exclusivas do agente do crime. Partimos então de uma reprodução de sua cédula de identidade. A assinatura, a impressão digital e a foto 3x4 foram utilizadas de forma a dar o clima dramático que o assunto exigia.
O mínimo
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1589AIDS.jpg)
Duas capas onde só há texto. “AIDS” e “Pena de Morte?” são palavras que têm a força e o significado suficientes para agirem sozinhas.
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1567pena4.jpg)
Assim como “Sexo”, “Câncer”, “Deus”, “Escândalo” e assim por diante.
Comprando a idéia
![Posted Image](http://www.professionalpublish.com.br/images/edicao57/design/1671Ass.jpg)
Esta capa foi para as bancas no lugar de uma foto onde uma modelo aparecia com medicamentos até o pescoço. “Sem receita” é como as pessoas compram remédios em farmácias. A faixa vermelha onde se lê “Venda sob prescrição médica” é de reconhecimento imediato e ninguém dá bola para ela. Tanto é que compraram a revista.
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