Trata-se do surgimento de um novo programa de P2P, denominado Earth Station 5 (ES5).
A principal diferença entre o ES5 e os outros programas de P2P é que o primeiro garante utilizar criptografia para tornar os usuários do programa anônimos. O programa estava há mais de um ano em desenvolvimento, e tem aspirações, no mínimo, ambiciosas. Além da troca de arquivos, da proteção ao anonimato (e conseqüentemente, à impunidade) do usuário, o programa alega ainda possibilitar a realização de ligações telefônicas gratuitas pela Internet, a busca de pessoas, Chat com vídeo, possibilitar a utilização do computador como servidor Web, entre outros. Uma das características mais inovadoras ― e polêmica ― do programa é o fato de que ele disponibiliza filmes recém-lançados, e claramente sob proteção dos direito autorais, em streaming, ou seja, sem necessidade de download. O usuário clica no filme escolhido, e o assiste.
Outra diferença da abordagem do ES5 é que, diferentemente dos outros programas de P2P, que alegam não terem controle ou responsabilidade sobre eventuais práticas ilegais por seus usuários, o ES5 não só assume o fato, como o abraça, participando da atividade. Essa atitude pode ser tomada pelo fato de o escritório central da empresa estar situado na Palestina, mais especificamente no campo de refugiados Jenin, fora do alcance da legislação e jurisdição americana. A Palestina, por motivos óbvios, não tem como principal preocupação atual a proteção aos direito autorais e, segundo a ES5, as leis locais de proteção não incluem conteúdo que não seja propriedade palestina.
Isto levanta a questão: até que ponto o Direito continuará tratando a Internet dentro de uma ótica nacionalista? De que adiantou, nesse caso, os EUA criarem leis severas contra pirataria pela rede ― e com projetos ainda mais severos ― se pode-se simplesmente criar uma empresa em outro país? Enquanto o caráter transfronteiriço da Internet não for absorvido pelo Direito, esse tipo de abordagem continuará acontecendo.
Além das proteções legais, o ES5 também alega ter se cercado de proteções técnicas, como criptografia, utilização aleatória de portas, e uma série de outras medidas, todas tendo como objetivo dificultar, senão impedir totalmente, a correta identificação dos usuários. A empresa alega ainda não existir a necessidade de registro, inscrição, cartão de crédito, assim como a não utilização de spyware, pratica adotada pelo Kazaa, por exemplo.
O projeto do ES5 é ainda mais ambicioso: pretende incluir, no futuro, um portal, um site de leilões, apostas online, etc. Para tal, pretende continuar operando depois que os outros programas de P2P tenham sido extintos. Segundo declarações da empresa, isso se dará porque ela não estará envolvida em longas ― e caras ― disputas judiciais, como os outros programas de P2P.
Independente de se saber se o programa realmente irá cumprir tudo que seus criadores prometem, e sem realizar qualquer tipo de julgamento sobre a moralidade ou correição de um programa que tem como maior apelo a facilitação de uma atividade compreendida por muitos como um crime, e por outros como legítima, não se pode negar que o surgimento do ES5 promete dar um novo fôlego ao conflito (entre a RIAA e os usuários e softwares P2P).
Earthstation5
Terra
:ok: