Versão curta: ele não tem os problemas de performance inconsistente do LG G Flex 2, mas também não se equipara a aparelhos como o Galaxy S6
É um pouco irônico o fato de que a mesma empresa que tinha lançado os primeiros telefones multicore do mercado hoje se contenta com o Snapdragon 808 em seu melhor aparelho. Este SoC é o parceiro mais modesto do recém-lançado Snapdragon 810 e ambos são estranhos no ninho da linha de chips da Qualcomm. Depois de pelo menos 6 anos usando microarquiteturas de CPU desenvolvidas internamente (Scorpion e Krait), a empresa optou por empregar núcleos desenhados pela ARM nesta geração.
Mais especificamente, o Snapdragon 808 pareia dois núcleos fortes Cortex A57 (1,8 GHz) com quatro núcleos fracos Cortex A53 (1,5GHz). O chip também é fabricado sob um processo de 20 nanometros (distância entre transistores), já ultrapassado pela litografia de 14 nm do Exynos mais recente, por exemplo. Aliás, a própria Samsung se negou a usar o Snapdragon 810 no Galaxy S6 por supostos problemas de superaquecimento. Nada disso quer dizer que os novos SoCs da Qualcomm são ruins, mas no momento ela está enfrentando uma competição muito mais acirrada do que no passado e, por extensão, o G4 não consegue se destacar quando o assunto é desempenho.
Seria possível continuar a análise nesse sentido, mas a conclusão final é a mesma: o G4 não está na fronteira do poder de processamento, ele vai envelhecer bem mais rápido que um Galaxy S6, por exemplo. Por outro lado, é possível dizer que a corrida de hardware em smartphones está alcançando um platô. A Lei de Moore continua em efeito, apesar de estarmos em 2015, mas um telefone bom hoje provavelmente continuará sendo bom pode um período razoável -- e isso vale para o G4.
Estabilização de imagem, abertura ampla, sensor de cor, autofoco ativo e captura em RAW tornam o G4 o melhor smartphone atual para fotografar cenas com pouca luz. Mas a câmera frontal poderia ser melhor.
A configuração do G4 tem um impacto direto sobre os recursos de sua câmera, mas vamos começar falando do módulo em si. Nesse ponto a LG G4 toma um caminho um tanto inusitado. Enquanto a maioria dos fabricantes têm investido em sensores da Sony, a LG desenvolveu o seu próprio módulo através da subsidiária Innotek. O conjunto consistem em uma unidade frontal de 8 MP ligado a uma lente f/2 e uma unidade traseira de 16 MP equipada com uma lente f/1,8.
Além da resolução alta, a câmera frontal não tem nada de muito especial. Embora o número f aparente indicar uma abertura ampla, é sempre bom lembrar que ele não passa da razão entre a distância focal e o diâmetro da abertura. A luz total que sensibiliza o sensor continua sendo escassa porque o sensor neste caso é bem pequeno. Mas isso vale para qualquer câmera frontal.
Por fim, a câmera do G4 tem o mesmo sistema de autofoco ativo por infravermelho que o G3. Como comentei no review do G3, isso não é nenhuma novidade (câmeras compactas usam o mesmo princípio há anos), mas conta como mais um ponto do G4 para fotos em baixa luminosidade. Como ele produz sua própria luz, o foco em ambientes escuros costuma ser relativamente rápido.
Por todas essas razões, o G4 realmente é a câmera de smartphone mais flexível do momento quando o assunto é foto. Mais do que isso, ele introduz recursos que deveriam ser adotados por toda indústria.
Um bom app de câmera é acompanhado por poucas novidades na customização do Android e um design ligeiramente diferente do G3
O excelente hardware de câmera do G4 é complementado por um app à altura. Existem três formas de usar o programa: um modo simplificado que basicamente só serve para bater uma foto ou capturar vídeo; um modo convencional que introduz controles de compensação de exposição e foco; e um modo manual com vários ajustes de imagem. Essa solução da LG é perfeita porque não limita o hardware com uma interface simples demais, ao mesmo tempo em que não confunde usuários que só querem tirar uma foto.
Além da câmera, não há muito a se dizer sobre o software do G4. A “UX” continua basicamente a mesma desde os tempos do G2, mas agora ela roda sobre o Android 5.1. A linguagem visual continua a ser flat e ele oferece pequenas conveniências (papéis de parece com duas fotos, fontes alternativas, etc) ao lado de recursos raramente utilizados (o Smart Notice continua sendo um Google Now mais limitado). Sem dúvida, os mais interessantes ainda são o KnockOn (para destravar a tela com gesto rápidos), o multitasking ao estilo Samsung com a possibilidade de dividir a tela em duas janelas e as ações automáticas do Smart Settings.
Algo digno de nota é o fato de a LG respondeu a algumas críticas da implementação da UX no Lollipop. Agora, por exemplo, é possível expandir as notificações como em qualquer outro Android. Os modos de prioridade de alerta do Android puro também foram incorporados ao sistema do G4, que segue o exemplo do Google ao não incluir um modo “mudo” tradicional.
A LG continua provando que um celular de plástico não precisa parecer barato, mas desta vez os tipos de material foram diversificados e cada um deles pode ser encontrado em várias cores. Existem dois tipos de traseira de policarbonato: uma delas é ceramizada e tem um toque bem liso, a outra é metalizada como no G3 e é um pouco mais áspera. Existe ainda uma versão de couro, mas ela é em média 100 reais mais cara.
Versão curta: Além de introduzir uma tecnologia nova no mercado de smartphones, a tela é simplesmente a melhor que já analisamos. Ela também ajudou a conservar a bateria do aparelho, mas neste ponto o G4 ainda perde para aparelhos similares.
Apesar de tudo, é preciso admitir que a UX fica impressionante no G4 por um único motivo: a tela. Com 5,5” e 2560 x 1440 pixels de resolução, ela aparente ser similar à do G3 no papel. No entanto, ela não poderia ser mais diferente. Enquanto o G3 usava um LCD convencional, o G4 é a primeira instância de nanocristais em uma tela de smartphone.
Também chamada de ponto quântico, essa tecnologia é, como o AMOLED, uma forma de retroiluminação integrada ao painel. Sua caraterística principal é o uso de cristais tão pequenos que exibem um efeito de confinamento quântico que altera suas propriedades ópticas.
A teoria por trás disso é muito complexa, mas, basicamente, há uma relação entre o tamanho dos nanocristais e a energia (e, portanto, a cor) da onda de luz que ele emite. Por exemplo, um nanocristal de 6 nm emite luz vermelha, enquanto um menor de 2 nm emite luz azul. Por causa da maneira como o confinamento quântico funciona, essas transições de cor são discretas e não pertencem a um fluxo contínuo. Na prática, isso quer dizer que o ponto quântico emite cores muito específicas e não as mistura com nenhum outro tom.
É fácil deduzir as consequências desse método de iluminação: a tela do G4 tem uma fidelidade de cor incrível. O nível de saturação também é perfeito, o bastante para ser atraente sem exagerar. Como a estrutura do painel de nanocristais é similar à do AMOLED, eles também iluminam cada pixel individualmente, o que amplia muito o contraste e conserva bateria quando a tela é preta.
Pode-se observar esse fato no nosso teste de bateria. O G4 usa a mesma bateria de 3000 mAh do G3, mas ele durou mais no teste: 8h20min contra 6h57min. É verdade que essa marca ainda é pequena em comparação com as quase 10 horas do S6 e com as mais de 12 horas do Moto Maxx, mas não é um resultado ruim (o iPhone 6, por exemplo, dura menos que 6 horas). Além disso, é preciso considerar que a tela do G4 é consideravelmente mais brilhante que a da concorrência e baterias removíveis em geral são menos eficientes.
Com sua câmera e tela extraordinárias, o G4 é um excelente celular para qualquer usuário. No entanto, a competição é bem acirrada nessa categoria de aparelho. É possível encontrar uma câmera ainda melhor no S6 e o Moto Maxx ainda é o campeão de bateria. A tela é sem dúvida um diferencial, mas não tão grande que possa informar uma decisão de compra por si só.
O que se pode dizer sobre o G4 é que ele faz tudo pelo menos bem – não existe nele nenhuma falha insuperável. Ele também é um dos últimos telefones avançados com bateria removível e versões com dual SIM. Para quem não tem uma preferência muito forte por alguma característica específica (câmera, por exemplo), o G4 é uma escolha que deve satisfazer a maioria das necessidades.
Edição feita por: WMO Notícias, 27/07/2015, 02:18.